PT | EN

06/01/2022

Racismo estrutural: entender para combater

O termo “Racismo Estrutural” é usado para dar nome à teoria de que existem sociedades estruturadas na discriminação, privilegiando algumas raças em detrimento de outras.

No Brasil, pessoas negras representam pouco mais da metade da população, mas têm pouca representatividade política, menor acesso à educação e a outros serviços, bem como sofrem com um sistema penal seletivo.

As razões disso são históricas. 4,8 milhões de africanos foram transportados para o Brasil e vendidos como escravos, entre 1550 e 1888. A Lei Áurea decretou a abolição da escravatura, mas além de não pôr fim à exploração mercantil dessa população (outras formas surgiram, como a servidão por dívida), nada fez para reparar o dano causado aos negros libertos, que não receberam qualquer indenização pelo trabalho prestado ou pelo dano que lhes foi causado.

Ao contrário, muitos dos senhores de escravos é que foram indenizados pelo estado para reparar a “perda de propriedade”.

De um lado, portanto, os negros enfrentaram mais de 3 séculos de escravidão, sendo vistos como “subespécie” e como “propriedade” por uma sociedade branca opressora. De outro lado, os senhores de escravos colheram todo os frutos do trabalho escravo, incluindo os meios de produção, dinheiro e poder político. Os descendentes desses grupos populacionais formam clara noção de quem é “oprimido” e “privilegiado” na sociedade atual.

As consequências desse sistema transcendem os aspectos econômicos, alcançando aspectos culturais que contribuem para o Racismo Estrutural instaurado no Brasil.

Não é à toa a evidente disparidade entre brancos e negros na representatividade política e em altos cargos empresariais, como aqui abordado.

Há mais. Dados do Tribunal de Justiça de São Paulo revelam que pessoas brancas têm condenação menor por tráfico de drogas, mesmo carregando, em média, 12 vezes a quantidade de maconha, em comparação às pessoas negras.

Para um lado mais pessoal e subjetivo, viver em uma sociedade estruturada de tal forma implica em preconceitos e vieses inconscientes na maioria das pessoas. Exemplo disso é o eventual desconforto que alguns brancos relatam sentir ao andar na rua à noite e cruzar com uma pessoa negra. Outro exemplo é automática associação de pessoas negras com pobreza e criminalidade, como se costumava ver em filmes, novelas e seriados.

Entender que esses papéis não são fruto de acaso, mas produto de uma estrutura cultural e histórica de opressão é importante para tomar o passo seguinte.

 

Como combater o racismo estrutural?

A resposta começa pelo indivíduo, ao tornar-se consciente dos comportamentos e vieses raciais que estão no subconsciente e desconstruí-los, passando a ver as pessoas de um patamar de igualdade.

Para a sociedade, ressalta-se a importância das ações afirmativas, que visam justamente regular o desequilíbrio histórico dos muitos anos de opressão de alguns e privilégio de outros.

Combater o Racismo Estrutural é um exercício de resiliência e dedicação para que as mudanças alcancem toda coletividade.

Voltar para artigos